Das histórias de Natasha
Das histórias de Natasha
Ao prensar o cigarro no canto dos lábios, automaticamente piscou de leve e engasgou na fumaça. Afinal, fumaça de cigarro necessariamente entra pela boca - não sabia lidar com muita fumaça na cara.Analisava –amadoramente, claro- sua vida.
Num repente, se percebeu surpresa ao concluir que maior parte das suas aventuras haviam sido menos importantes do que imaginava, pois, naquele instante, as via como meios e não fins.
Eram apenas um meio do caminho, uma espécie de transição para algo mais importante., num ciclo incessante.
Não, não estava ali o ápice das suas vivências. Sempre havia algo mais que queria alcançar, nada era o bastante, nada era ápice, tudo era sem fim.
Duvidou das histórias que disse ter vivido, das emoções que pensou ter sentido. Era tudo tão intenso como dizia aos outros?
A partir dessa análise, as lembranças emergiam e se mostravam falsas, como vidas de outrem. Formou-se um labirinto, cheio de curvas ilusórias e vãs.
Em 30 segundos se perdeu no labirinto e já acreditava nem ter vivido aquelas cenas, duvidava dos cenários: eram mesmo dessa forma ou foram inventados, adaptados, imaginados, vistos em filmes?
Quem viveu? O mundo, ou melhor, o seu mundo em particular, parece mudo, silencioso, girando em torno de outra vida que não a própria.
E o que vislumbrava estava além daquilo tudo, esperando ser descoberto ao acaso, como por acidente.
E agora, mais que nunca, martelava a frase: “você nunca sentiu o que não viveu.”
De cortinas de fumaça a labirintos vãos, tudo o que sabia era que ainda não havia encontrado aquele sentido.
* Voz da autora: Natasha foi uma personagem criada por mim em meados do ano de 2006 e eu resolvi retomá-la em contos e crônicas, postando suas novas e velhas histórias aqui no Sei lá, mil coisas®.
15 comentários
Seu post me faz lembrar da seguinte frase de Cecília Meireles: "aprendi com a primavera a me deixar cortar e a voltar sempre inteira".
REPLYEu sou Lavínia!
REPLY“Você nunca sentiu o que não viveu.” Bela frase.
REPLYFaz tempo que não comento, mas sempre leio seu blog.
Você escreve muito bem, textos sucintos e reflexivos. Parabéns!
Bjo
*-* NÓS somos Lavínia!
REPLYem uma tragada,,,ela sentiu o tempo passar,,,como a fumaça que se vao com vento...e vida passou....
REPLYOpa, desafio aceito. Continuarei no meu ócio...rs
REPLYQue conto interessante, vc escreve mto bem e eu sempre passo por aqui. Algumas vezes para ler, outras para escutar as músicas...rs
Te desafio, continue escrevendo os contos! rs
Abs.
Dá pra viajar lendo seu texto... senti como se estivesse vendo a cena acontecer na minha frente.
REPLYMuito bom.
bom texto, dei uma viajada lendo, tanto que o reli umas 3 vezes
REPLYcurti seu blog, parabens
Todos temos um pouco de Lavinia!
REPLYwww.conto-um-conto.blogspot.com
um mundo que não existe, sabedoria da mentira, o ato de se protagonizar em uma tragédia. lavinia, ela perdeu seus sentidos em algum lugar não? esse tormento entre a realidade vivida e a ilusão, também vivida, acho que ela só vive nesse próprio mundinho porque lá ela pode ser o que quiser. ou nao? gosto dela, já disse, é feito eu.
REPLYpeço perdão pela ausência, passando por umas coisas e outras ruins, assim que puder continuo as minhas crônicas e terei o imenso prazer em ser lido por ti.
grande abraço.
bom e inteligente..
REPLYcomovente e melancólico
parabens por mais um maraivlhoso texto xD^
voltei com alegria e pimpacidade.
espero que goste das atualizações do
www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br
e ótima semana.
se cuide
abraço!
Como sempre, mais um belo texto.
REPLYPArabéns!!
Abraços
Tata
http://cafecomatitude.blogspot.com/
engraçado, entrei nesse blog e me deparei com mil coincidências. não li esse último post, estou indo trabalhar, não dá tempo. mas eu volto, eu volto.
REPLYmas poxa... MIL COINCIDÊNCIAS.
Ótimo texto.
REPLYCada frase me fez refletir muito, e acredito que não só a mim, mas a todos que leram o texto.
Você escreve muito bem, parabéns!
Nossa, gostei do texto, vc escreve bem!! A Lavínia é bem complexa, hein?
REPLYBeijos
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