sábado, 9 de maio de 2009




Das histórias de Natasha

Ao prensar o cigarro no canto dos lábios, automaticamente piscou de leve e engasgou na fumaça. Afinal, fumaça de cigarro necessariamente entra pela boca - não sabia lidar com muita fumaça na cara.
Analisava –amadoramente, claro- sua vida.
Num repente, se percebeu surpresa ao concluir que maior parte das suas aventuras haviam sido menos importantes do que imaginava, pois, naquele instante, as via como meios e não fins.
Eram apenas um meio do caminho, uma espécie de transição para algo mais importante., num ciclo incessante.
Não, não estava ali o ápice das suas vivências. Sempre havia algo mais que queria alcançar, nada era o bastante, nada era ápice, tudo era sem fim.
Duvidou das histórias que disse ter vivido, das emoções que pensou ter sentido. Era tudo tão intenso como dizia aos outros?
A partir dessa análise, as lembranças emergiam e se mostravam falsas, como vidas de outrem. Formou-se um labirinto, cheio de curvas ilusórias e vãs.
Em 30 segundos se perdeu no labirinto e já acreditava nem ter vivido aquelas cenas, duvidava dos cenários: eram mesmo dessa forma ou foram inventados, adaptados, imaginados, vistos em filmes?
Quem viveu? O mundo, ou melhor, o seu mundo em particular, parece mudo, silencioso, girando em torno de outra vida que não a própria.
E o que vislumbrava estava além daquilo tudo, esperando ser descoberto ao acaso, como por acidente.
E agora, mais que nunca, martelava a frase: “você nunca sentiu o que não viveu.”
De cortinas de fumaça a labirintos vãos, tudo o que sabia era que ainda não havia encontrado aquele sentido.

* Voz da autora: Natasha foi uma personagem criada por mim em meados do ano de 2006 e eu resolvi retomá-la em contos e crônicas, postando suas novas e velhas histórias aqui no Sei lá, mil coisas®.

15 comentários

Seu post me faz lembrar da seguinte frase de Cecília Meireles: "aprendi com a primavera a me deixar cortar e a voltar sempre inteira".

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“Você nunca sentiu o que não viveu.” Bela frase.
Faz tempo que não comento, mas sempre leio seu blog.
Você escreve muito bem, textos sucintos e reflexivos. Parabéns!
Bjo

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*-* NÓS somos Lavínia!

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em uma tragada,,,ela sentiu o tempo passar,,,como a fumaça que se vao com vento...e vida passou....

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Opa, desafio aceito. Continuarei no meu ócio...rs
Que conto interessante, vc escreve mto bem e eu sempre passo por aqui. Algumas vezes para ler, outras para escutar as músicas...rs
Te desafio, continue escrevendo os contos! rs
Abs.

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Dá pra viajar lendo seu texto... senti como se estivesse vendo a cena acontecer na minha frente.
Muito bom.

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bom texto, dei uma viajada lendo, tanto que o reli umas 3 vezes

curti seu blog, parabens

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Todos temos um pouco de Lavinia!

www.conto-um-conto.blogspot.com

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um mundo que não existe, sabedoria da mentira, o ato de se protagonizar em uma tragédia. lavinia, ela perdeu seus sentidos em algum lugar não? esse tormento entre a realidade vivida e a ilusão, também vivida, acho que ela só vive nesse próprio mundinho porque lá ela pode ser o que quiser. ou nao? gosto dela, já disse, é feito eu.
peço perdão pela ausência, passando por umas coisas e outras ruins, assim que puder continuo as minhas crônicas e terei o imenso prazer em ser lido por ti.
grande abraço.

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bom e inteligente..
comovente e melancólico
parabens por mais um maraivlhoso texto xD^


voltei com alegria e pimpacidade.
espero que goste das atualizações do
www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

e ótima semana.
se cuide
abraço!

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Como sempre, mais um belo texto.

PArabéns!!

Abraços

Tata
http://cafecomatitude.blogspot.com/

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engraçado, entrei nesse blog e me deparei com mil coincidências. não li esse último post, estou indo trabalhar, não dá tempo. mas eu volto, eu volto.

mas poxa... MIL COINCIDÊNCIAS.

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Ótimo texto.
Cada frase me fez refletir muito, e acredito que não só a mim, mas a todos que leram o texto.
Você escreve muito bem, parabéns!

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Nossa, gostei do texto, vc escreve bem!! A Lavínia é bem complexa, hein?
Beijos

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