Daquelas cartas nunca enviadas
Tudo é desejo de prender-te entre as pernas. Tudo é vontade de prender-te entre a boca. É coisa. É fraqueza viciosa. É ardor. É homem com nome de menino. É o escolhido, desejado. É você.
E eu, objeto. Prazer, loucura, luxúria, frescor quase infantil, sorriso talhado, voz de menina, postura de mocinha, olhar de mulher, tesão de ninfa.
A que te faz feliz e satisfeito – te faz e reafirma homem, fora das tuas amarras voluntárias.
A que te conhece sempre viril, perfumado, sensual, sem rotina ou cotidiano, sem cueca desbotada e toalha molhada na cama.
A amante, a cúmplice.
Que te conhece a fraqueza, que te conhece o maior segredo e + vergonhoso: sua infidelidade.
Aquela que você pode errar e ser fraco, imperfeito, com quem você pode falhar. Com quem você é você mesmo, errado, de fato.
Está na canção que ouço, nossos corpos não conseguem ter paz, em uma distância.
Está na canção que invento, quero mais do que você pode me oferecer.
Está na canção que ouço, seu amor não é meu, nem eu o teu.
Está na canção que repito, pensei que fosse fácil te evitar.
Tenho quase certeza que você já ouviu tudo isso antes, mas talvez seja essa a minha maneira de procurar abrigo em você e me aproximar.
Acho que perdi o momento em que eu começo e você finda, ou vice-versa. E você sabe o quanto isso pode ser perigoso.
Já não tenho certeza.
E não posso deixar de me entregar ao seu toque, pois seu olhar ainda me preocupa.
Você, eu.
A gente poderia acontecer em outro lugar.
Amor não vivido é assim, sempre uma pena.
E isso não foi amor, foi carta.