terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Dezembro, desde que me entendo por adulta, sempre foi um mês que representou cansaço. 

Cansaço do peso de um ano inteiro nas costas, cansaço do ritmo de consumo frenético que vejo ao redor por conta das festividades, cansaço por conta da correria no trabalho onde geralmente tende-se a ter pressa em fechar o ano, cansaço das pessoas que tem de celebrar, necessariamente-porque-sim as "festas" de fim de ano. Preguiça de dezembro, sempre tive.  

A diferença que nesse 2020 é um cansaço que se arrasta desde março e que não vai acabar magicamente com a virada de ano. É um cansaço diferente, é um cansaço na alma.

Cansaço pela incerteza se vivemos um ano de doze meses ou doze séculos.

Tanta coisa aconteceu e nada parece ter mudado.

Cansaço das asneiras que ouvimos todos os dias seja no lado de cá que no de lá. 

Cansaço da mediocridade das pessoas: do lado de cá, tivemos uma mínima abertura e flexibilização das medidas restritivas decretadas domingo passado em algumas regiões da Itália - leia-se um convite ao consumo da parte do governo italiano, em detrimento aos quase 20 mil casos confirmados diários, as 500 mortes diárias e as quase 70 mil vítimas de Covid, que dá a Itália o recorde europeu de mortes pela doença.

A pandemia ainda não acabou mas as pessoas não poderiam perder a oportunidade de não usar o bom- senso e foram lotar barzinhos, enfrentar filas para entrar nas lojas e aglomerar nos centros das cidades para tirar seus selfies com a decoração de natal. Nos sentimos vivos somente se consumirmos e tirarmos selfies?

Enfim, é dezembro, um mês que sempre foi igual, mas agora mudou. Dezembro não é somente o fim do ano, mas o começo de algo que ainda desconhecemos.

Podemos somente, com cansaço e um pouco mais de paciência, aguardar.


6 comentários

Eu penso que, de alguma maneira, Dezembro será o fim de um ciclo. A vacina anti covid será administrada a partir de 5 de Janeiro em toda a Europa (esperemos que corra bem). Haverá o perigo de assistirmos a um retrocesso por causa dos festejos e também da falsa perspetiva de segurança das pessoas mas talvez a economia tenha um novo impulso e a vida volte a ser o que era. Não que fosse boa, mas como está agora é que não pode ficar.
Bjs

Coisas de Feltro

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coisasdefeltro, essa é a esperança. Que com a vacina possamos ter um novo impulso de vida, que como sabemos, nunca mais serà a mesma.

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Bom dia Nely. Sou o seguidor número 58. Parabéns pelo seu excelente trabalho. Obrigado por me seguir também. Desde já um Feliz Natal e um próspero Ano Novo.

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Olá, Nely!
Esse 2020 está sendo de lascar. Sou um dos que quando for falar desse ano, vou dizer: Rapaaaaz!

O importante é continuarmos aqui, acreditando que vai mudar e lutando para que mude.

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Oi, Allan! O duro é acreditar que algo vai mudar! Mas seguimos confiantes :)

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Tanta verdade nesse texto...! Especialmente na pergunta: só nos sentimos vivos quando consumimos ou tiramos selfies? Isso é tão absurdo, não é? 2020 tem sido absurdo. E nós, os de "melhor-senso", ainda nos perguntamos com o que podemos nos surpreender...

Obrigada pela ótima postagem! Eu adorei aqui ♥

Um abraço,
Larissa

As moscas na janela


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