sexta-feira, 26 de junho de 2009
Sapato velho, meias ao redor da cama, roupas pelo chão, Pessoas , Drummonds e Meireles abertos ao acaso sendo lidos pela tarde nebulosa e fria. Ambiente que faz som e exala os tons de cinza e cores de aquarela recém pintadas para o nosso palco. Garrafa de tinto suave pela metade, gargalhada plena, a música no “repeat”, a música que é sempre a mesma, aroma do gosto de baunilha e chocolate, mão macia e gelada. Urgência desmedida, mão de aspereza quente, aroma de rosas molhadas por águas passadas, remete a romance e lira.
Haja pressa. Há calma...
Ela disse: - Queria guardar em um frasquinho o aroma dessa tarde com você.
Ele disse: - Para quando a noite chegar?
Ela: - Não. Para quando a tarde passar...
Mão fria agarra mão quente; doçura e força.
- Enfim, juntos.
Mãos sujas, folhas pelo chão, dois autores desconhecidos, são atores de três ou quatro páginas de romances escritos ao acaso, agora.
E em vez da noite, o que chega é uma saudade maior que essa cama.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Porque que é tão difícil?
Relacionamento estável, feliz, saudável e duradouro nos dias de hoje é coisa de poucos e bons. Parece loteria, é necessário um bocado de sorte e não sei se tenho sorte nesse tipo de jogo ainda. Fidelidade então, nem se fala. Se você já conseguiu relacionamento (sem as qualidades citadas anteriormente) já se dê por satisfeito.
Fico em dúvida: Porque que é tão difícil? Porque precisamos estabelecer relacionamentos amorosos? Porque os relacionamentos cada vez mais já começam fadados ao fracasso? Porque criamos tantas expectativas com relação a relacionamento amoroso como complemento da felicidade?
Vejo que nós damos muito valor ao tema e assim sendo, as expectativas com relação a isso são tremendas. Esperamos o grande amor de nossas vidas que nunca aparece. Idealizamos pessoas perfeitas que não existem e nós não existimos como as pessoas perfeitas que os outros esperam. A perfeição vem com uma lista enorme de exigências, que muitas vezes nem nós conseguimos cumprir. Amor e fidelidade encabeçam, claro, a listinha básica. Mas até que ponto a fidelidade é importante para um amor?
E até que ponto a (in) fidelidade pode ser letal ao amor? Fidelidade e amor andam de mãos dadas ou se repelem? Completam um ao outro, ou só existe um na ausência do outro?
Somos traídos de vários, não importa se próximos ou distantes. Traídos em pensamento, na ação, no sentimento. Somos traídos e traidores não do outro, mas da fidelidade. Matamos o amor (ou o que houver) e a fidelidade, não necessariamente na mesma ordem. Continuamos dia após dia a matá-los com requintes de crueldade. Estou meio cansada de participar dessas sessões passivas de tortura.
Não quero mais ser nem carrasca nem vítima desses suplícios. Com vistas à um ritual de ressurreição para o amor, decidi abdicar da fidelidade em seu termo básico. Até quero ser fiel, mas não faço mais questão de alguém fiel a mim.
Fidelidade vira, a partir de agora, gíria velha, bordão arcaico. Daqui pra frente, eu, de mãos dadas com o amor, solicito lealdade. Quero alguém que seja leal ao que me prometa, mas que não me prometa nada.
Que seja leal ao me pedir somente aquilo que eu puder dar e ainda que me peça somente aquilo que ele mesmo puder dar. Que me diga na cara verdades doídas, mas que acaricie esta mesma face, se tiver apreço. Que me beije somente quando queira. Que faça sexo quando precisar de sexo e amor quando precisar de amor. Alguém que diga a verdade mesmo vendo as lágrimas rolarem, não importando se isso as fará parar de rolar ou correr mais rápido.
Não quero ser ninguém, exceto eu. Não quero ser de ninguém, exceto meu. Também não quero que ninguém queira ser eu ou ser meu.
Quero alguém que ande num caminho o mais paralelo possível ao meu. Não quero o caminho de ninguém e não divido o meu.
Eu quero amor, mas não quero amor lírico.
Nem amargo, nem doce.
Nem só certo, nem só errado.
Nem só sujo, nem só puro.
Nem só santo, nem só pecado.
Quero os abraços dos amigos e as tapas dos inimigos, porque são sinceros, são de verdade.
Quero motivo e amparo para as lágrimas.
Quero dar e receber razões para sorrisos.
Eu quero amor e lealdade com toda a fidelidade que me forem concedidos.
Feliz dia dos namorados para todos!
terça-feira, 2 de junho de 2009
Oh, inspiração!
O escrever por quem escreve
Eu quero todas as idéias do mundo num só momento, de forma impulsiva. Exatamente aí é que está o erro. Minha recém-descoberta impulsividade não é boa quando aplicada a minha pseudo-atividade de escrever.
Nos auges dos breus de inspiração, digo a mim mesma: "É hora de escrever e derramar". Escrever é tomar a decisão de transformar emoções em algo permanente. Algo que foi sentido por você e que talvez valha a pena ser lido por alguém, prolongando sua emoção, talvez. Ou é tomar a decisão de ser relido por si próprio, imediatamente, já criando novas emoções no ato. Ou uma oportunidade de auto-releitura de suas próprias emoções (que redundante!) num futuro.
Quem escreve sabe que é círculo vicioso, sem importar freqüência , medida e volume, até porque escrever não é matemática exata. Aliás, desconfio que sempre fui boa letrista porque odeio veementemente a matemática.
É dom de loucos. É só lápis e papel, nem borracha, só rabisco, esforço e texto; alívio.
Para escrever você tem que correr, correr e girar, ficar enjoado, passar mal e deixar tudo o que está descontrolado sair de forma organizada. Mergulhar na banheira ou pular da ponte olhando para cima.
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